Em artigos anteriores destacamos a importância da nutrição e estresse crônico como a principal causa de muitas doenças. Produz-se estresse oxidativo, com aumento dos níveis de radicais livres, que seriam a base patogênica de várias doenças gerais e oculares. 1Como as Cataratas, a degeneração macular relacionada à idade, o glaucoma e a síndrome olho seco e nutrição.

Oftalmologistas e nutricionistas devem colaborar para o seu tratamento.

olho seco e nutrição

O estresse oxidativo é caracterizado por uma alta concentração intracelular de espécies reativas de oxigênio (ROS), como íons de oxigênio (O2-), peróxido de hidrogênio (H2 O2), entre outros. Esses elementos também são conhecidos como radicais livres e sua concentração aumenta devido ao fato de que os antioxidantes endógenos e exógenos não conseguem eliminá-los adequadamente. As consequências do estresse Oxidativo é o aparecimento de inflamação generalizada que afeta todos os tecidos do corpo e principalmente os olhos.

Nutrição e olho seco

Uma das consequências da relação entre má nutrição e olho seco é a inflamação das glândulas lacrimais, do glândulas meibomianas do pálpebras (figura 1) e a superfície ocular. Essa inflamação é responsável pela diminuição da produção de lágrimas, alterações em sua composição devido à deficiência de lipídios (a gordura secretada pelas glândulas meibomianas), que lubrificam o globo ocular e também formam a camada externa do filme lacrimal (figura 2), o que evita a sua evaporação e assim evita que o filme lacrimal se rompa (figura 3) e seque a superfície ocular.

Essas alterações são responsáveis ​​pelo fato de que no piscar há um atrito contínuo no córnea, que a osmolaridade da lágrima é aumentada e mais inflamação é gerada, efeitos que se somam, danificando os tecidos de forma contínua e progressiva. É um ciclo vicioso centrado na inflamação.

glândulas meibomianas e nutrição

Figura 1.- Meibografia da pálpebra superior com ausência de glândulas meibomianas (setas azuis).

olhos secos e nutrição

Figura 2.- Análise da camada lipídica lacrimal por interferometria. Áreas iridescentes de lipídios (estrelas azuis) são visíveis.

olho seco e dieta

Figura 3.- Videoceratografia não invasiva do tempo de separação do filme lacrimal, mostrando as áreas de ruptura (seta) e o gráfico do tempo de ruptura (estrela).

Há cada vez mais evidências apontando para a importância do fator nutricional na base inflamatória do olho seco.

Talvez o estudo mais significativo seja o correspondente ao Women's Health Study 2, onde são analisadas 39.876 mulheres e verificada a relação entre a dieta e a presença de olho seco. Quando a dieta era rica em ácidos graxos ômega 3 e pobre em ômega 6, a incidência de olho seco era baixa, enquanto quando o ômega 3 diminuía e o ômega 6 aumentava, a incidência de olho seco disparava.

Ômegas e olho seco

Outros estudos também mostram como uma dieta rica em ômega 3 e pobre em ômega 6 está associada a um efeito benéfico em pacientes com olho seco e tem sido visto até mesmo para prevenir seu aparecimento na população de risco, como mulheres na pós-menopausa, com mais de 65 anos velho 3. Na mesma linha de pesquisa, foi demonstrado que a composição dos lipídios das glândulas meibomianas e lacrimais era anormal em dietas com baixo teor de ômega 3 e com excesso de ômega 6, normalizando quando a ingestão alimentar era corrigida, aumentando o ômega 3 e reduzindo ômega 6 4,5.

Ômega 3 e olho seco

Trata-se de um fator chave entre olho seco e nutrição. A ação benéfica do ômega 3 no olho seco deve-se aos seus efeitos anti-inflamatórios 6-10, tanto nas formas primárias como secundárias, quando associadas a outras doenças como a de Sjögren, processos tipo reumático ou autoimune. A inflamação da superfície ocular será responsável pelo desconforto subjetivo que os pacientes notarão, assim como o fator desencadeante para o avanço do dano tecidual e agravamento do quadro de olho seco.

Um grande avanço neste campou é o fato de termos um teste, muito simples de aplicar, que detecta a inflamação (metaloproteinases 9) e que nos orienta para diagnóstico e tratamento. Um dos problemas que surgem é que não podemos usar anti-inflamatórios por muito tempo, por isso é tão eficaz reequilibrar a dieta aumentando o ômega 3, reduzindo o ômega 6 e aumentando a ingestão de antioxidantes.

Tome ômega 3 para os olhos

Um aspecto muito importante e pouco conhecido quando falamos de dietas ricas em ômega 3, é o fato de que os alimentos que ingerimos, e principalmente os suplementos ricos em ômega 3, se degradam ao entrar no organismo, sofrem um processo de oxidação e perdem seus benefícios efeito.

Para evitar esta circunstância, é essencial aumentar o nível de antioxidantes, tanto endógenos como exógenos. Já existem evidências apontando para a associação do ômega 3 com suplementos antioxidantes como vita C e E e polifenóis, presentes no chocolate amargo e no vinho tinto, com grande capacidade antioxidante e que potencializam a ação do ômega 3.

Dieta e olho seco

Para que ele tratamento de olho seco, ao controlar a dieta e o estresse, para ser eficaz, é importante conhecer o estado de oxidação de cada paciente, seu nível de radicais livres, a curva de cortisol e DHEA, bem como os níveis de ômega 3 e ômega 6 nas hemácias. Atualmente, os níveis desses biomarcadores podem ser detectados para ajustar as medidas terapêuticas ideais em cada caso. Vimos que as recomendações gerais não são suficientes. Os dados que obtemos com essas análises nos permitem ajustar o tratamento e, muito importante, nos permite avaliar melhor a eficácia das medidas que tomamos.

Bibliografia

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10.- Wojtowicz J, Butovich I, Uchiyama E, et al. Ensaio clínico piloto prospectivo, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo de um suplemento de ômega-3 para olho seco. Córnea 2011;30:308-14.

Resumo
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Há uma relação crescente entre olho seco e nutrição. Se você está se perguntando como os olhos secos e a dieta estão relacionados, vamos explicar para você.
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